31/03/2015

Sobre a juventude e essa mania de príncipes encantados

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Constantemente ouço dizer que a adolescência é a época de amores eternos, de namoros infinitos, de “eu te amo” equivocados, de brigas sem motivos, de reconciliações apaixonadas. Frequentemente me falam que essa é a fase para se apaixonar perdidamente e viver aqueles loucos relacionamentos de filmes hollywoodianos, nos quais o mocinho e a mocinha se esbarram na rua, seus olhares se encontram e é amor à primeira vista.

Depois de tantos contos de fadas da Disney com suas histórias de cavalheiros que salvam princesas da madrasta malvada, você acaba crescendo achando que aquilo é real. Até a pessoa mais crítica e cética, no fundo, fica esperando um amor desses: ansiando que seu príncipe encantado apareça, ajoelhe aos seus pés e a ame tão profundamente quanto ela nunca esperaria. Talvez ele não esteja vestindo roupas de seda e veludo, nem tenha uma espada poderosa e uma coroa a receber, mas a expectativa de que, uma hora, um cara bonito vai te encontrar, possuindo praticamente todas as características daquela lista que você criou mentalmente em segredo, é maior do que você queria que fosse e mais inconveniente do que seu coração poderia suportar. Afinal, é por causa dela que você rejeita quase todos os homens que aparecem por não se encaixarem no perfil que você traçou para o futuro amor da sua vida – ou pelo menos por não aparentarem se encaixar, já que você nem mesmo deu-lhes uma chance de te mostrar que poderiam ser pessoas legais.

Pois, bem, eu esperei. E esperei. E esperei e esperei. Mas nenhum cavalheiro de armadura brilhante veio ocupar o vazio que eu tão obedientemente deixei em meu coração. Nem mesmo o filho mais novo de um rei, que não estava destinado a ficar com o trono, ou um sir de terras longínquas tentou conquistar o território desocupado. Homem algum veio me mostrar que todo aquele tempo perdido à espera não fora em vão.

Então, eu fiz 19 e a magia da adolescência começou a se dispersar. O mundo duro e verdadeiro estava à espera de uma atitude: ele queria que eu corresse atrás dos meus sonhos, que eu vivesse realmente cada segundo e guardasse o passado no coração, não na gaveta de remorsos. Foi aí que eu entendi que esse caminho era muito mais divertido e surpreendente do que aquela trilha que eu entrara desde que a sociedade me impusera tal ideal romântico.

Hoje, com 21, eu entendo que vida nenhuma deveria ser baseada no amor. Antes de qualquer coisa, é preciso estar em paz consigo mesma e com aqueles ao seu redor para que alguém especial a sua própria maneira (não àquela realidade que sua mente tão tolamente imaginou) queira entrar em seu castelo fortificado. Foi só quando parei, afinal, de procurar ao redor e notei a mim mesma que pude me amar de verdade e perceber que não existe sentimento mais gratificante do que o amor próprio. Porque é graças a ele que todas as coisas boas da sua vida começam a acontecer. Quando se vive à espera de que alguém apareça para te completar, vive-se uma vida pela metade. Quando se vive por si mesmo, o mundo vem ao seu encontro e multiplica suas conquistas.

Por isso, não permita que a falta de um rei ou rainha te impeça de governar o seu reino. É você, e apenas você, quem tem nas mãos as únicas ferramentas capazes de construir a base de uma vida plena e feliz.

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