05/02/2015

Vidas (quase) perfeitas

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Um dia você percebe que toda a sua vida tem se passado em uma grande sala de espera. Pessoas entraram, esperaram junto e foram embora. Algumas demoraram mais do que outras. Mas elas se foram, e eu fiquei... esperando...

O quê?

Nem sei.

Talvez eu quisesse algo maior do que eu podia querer. Talvez eu só quisesse alguma coisa que me tirasse do lugar-comum, que me fizesse não ser só mais uma na multidão.  Eu só queria ser lembrada.

Por quem?

Também não sei.

A sociedade me adestrou a invejar vidas grandiosas, consumistas, objetificadas, e ao mesmo tempo oprimir esses desejos, como se eu não fosse digna deles. “Você não pode ter mais do que a vida com a qual nasceu”, ela me diz toda vez que me encara através do espelho. Ela me ensinou a ser submissa às suas vontades e ri de mim em cada foto ilusória de riquinhas do Instagram.

Sobre a minha essência já nem sei mais. Vivo com medo de magoar a todos e quem acaba magoada sou eu. Buscando conciliar sonhos e planos à visão quadrada dos que estão ao meu redor pra me encaixar numa sociedade que é tudo menos democrática. Os outros me apontam e riem das poucas e tímidas manifestações de paixões fora do padrão.

E se eu quiser não ser rica? Nem magra? Nem casar? Nem ter filhos? Nem ter uma vida estável? Nem seguir regras de relacionamento? Nem ouvir sobre "coisas que uma mulher deve fazer"? Nem decidir todo o meu futuro aos 20 anos? Nem deixar alguém mandar na vida que deveria ser só minha?

E se eu quiser só ser feliz?

Será que um dia vou poder?

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